sábado, 16 de agosto de 2008

Temas de seminários

Queridos,

Como prometido, segue a lista de temas de seminários a ser apresentados na programação da disciplina, durante o semestre. São menos temas do que os que planejei inicialmente: de todo modo, em nosso próximo encontro, faremos a distribuição das sessões de cada um dos alunos, no decorrer da disciplina.

1. Estética e cultura de massa: a transformação mediática dos modos de significação;
2. Os sentidos do fazer: as abordagens poéticas do artístico;
3. O conceito de experiência e o problema da experiência estética;
4. Os regimes específicos da experiência estética: a fruição e a leitura;
5. As relações entre semiótica e estética: os fundamentos semiósicos da experiência estética;
6. O caráter cognitivo da experiência estética: sensibilidade e conhecimento;
7. A dimensão coletiva da sensibilidade: experiência estética e performance.

Divirtam-se,

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Programa da Disciplina

Queridos,

Este blog será nossa ferramenta de trabalho nesse semestre: procurem acessá-lo com a maior frequência possível, pois as notas de cada aula estarão disponíveis aqui; além do mais, vcs. podem interv ir nesse espaço, trazendo dúvidas, inquietações ou mesmo sugestões de leitura adicional para todos. Faço seguir imediatamente o programa da disciplina:

Ad,

Benjamim

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEAS

Disciplina: Teorias do Signo e da Interpretação (COM 509)
Prof: Benjamim Picado
Horário: 4as , das 14:30 às 18:00 hs.
Local: Sala Multiuso - FACOM - Ondina

Ementa: Abordagens históricas sistemáticas ou monograficas no campo dos processos signicos: a teoria dos signos no contexto das disciplinas do sentido e da linguagem; semiótica e filosofia da linguagem; a interpretação dos signos: o horizonte hermenêutico das teorias semióticas; semiose e inferência; elementos de pragmatica da comunicação: significação e atos de fala. Interpretação versus leituras. As controvérsias no campo da interpretação.

Apresentação: A disciplina propõe-se a examinar alguns aspectos conceituais e metodológicos da interseção entre as teorias estéticas e a experiência da comunicação na cultura contemporânea. mediante a recapitulação histórica das origens de uma reflexão estética sobre fenômenos expressivos do campo comunicacional, tentamos extrair alguns conceitos fundamentais de uma abordagem estética da comunicação, expressa em termos de uma reflexão sobre os vínculos entre os dispositivos mediáticos e os regimes de experiência com o qual se relacionam ou no qual se instituem. nestes termos, propomos dois pontos de partida para nossas explorações: em primeiro lugar, a dimensão estética dos processos comunicacionais estará implicada na definição de que a sensibilidade e a compreensão têm um caráter ativo, na relação dos os dispositivos expressionais; em segundo lugar, privilegiamos a potencial aplicabilidade de todas essas noções nos estudos dos fenômenos estéticos da cultura contemporânea, na medida em que se possa implicar na análise dessas mesmas formas o problema da ativação sensível da experiência destes objetos.

Não raro, associamos uma cifra privilegiada da crítica cultural dos meios de comunicação com as dúvidas manifestadas em linguajar histórico e sociológico, contra as conexões entre arte, técnica e experiência histórica (especialmente na letra da filosofia social da Escola de Frankfurt, com Adorno) e de outro lado, um anúncio das modalidades experienciais que se descortinam, a partir de um enfrentamento não-traumático desta mesma predominância das engenharias técnicas na contemporaneidade (Benjamin).

Poderíamos dizer que o acento estetizante das teorias da comunicação nasce certamente de uma valorização deste segundo argumento: quando nos defrontamos, por exemplo, com os escritos de Marshall McLuhan, parece-nos anunciado o cenário no interior do qual a interrogação estética sobre a comunicação pode ser demarcada; o acento mais evidente da recepção destas lições parece ser a de que temos que considerar a prevalência das questões de natureza tecnológica e extensional que acompanham a própria lógica interna dos meios de comunicação e de sua constituição enquanto fator central da experiência estética contemporânea; se podemos extrair alguma lição do percurso que nasce da crítica de Frankfurt até McLuhan, é a de que nossa cultura é mesmo atravessada por uma predominância da técnica, não apenas como modo de fazer, mas também como o modo de ser e de aparecer.

Este elogio implícito da técnica, entretanto, pode conduzir a equívocos de apreensão quanto ao real lugar de uma interrogação estética no interior deste composto discursivo das teorias da comunicação: o fato de que a pertinência dos meios na contemporaneidade se restitua a uma linhagem das extensões tecnológicas não significa que a interrogação estética sobre questões comunicacionais deva se deter numa mera contemplação desta relação entre os meios e seu aspecto de tecnicidade (além do mais, podemos admitir que, se estas relações existem, certamente não são assunto estrito de uma teorização estética); devemos considerar no fundo destas relações, a necessidade de uma interrogação mais longitudinal sobre o estabelecimento dos padrões básicos da partilha do sentido, assim como sobre o papel exercido por um horizonte partilhado de expectativas, que é necessariamente prévio às realizações propriamente técnicas dos meios de comunicação. Em última análise, o elogio da técnica somente deve ser admitido, se vier precedido de uma investigação sobre as estruturas prévias da recepção e da interpretação como fornecendo um horizonte estético da experiência em geral (e não somente contemporânea).

Conteúdo Programático:

Unidade I: Os umbrais do estético

a. Notas sobre o estético: o que é Estética. Estética como elemento da crítica e da história da arte: fruição e crítica; estética e teorias do belo; a Estética como teoria da sensibilidade e do conhecimento. O papel da interpretação, da execução e da contemplação na realização da obra de arte.
b. Estética e Cultura de Massa: os limites da estética e das teorias da arte na contemporaneidade. Os dois sentidos de uma estética da comunicação: a transformação mediática dos modos de significação e o caráter eminentemente relacional da experiência sensível.
c. Os Sentidos do Fazer: o sentido produzido como assunto predominante nas teorias da arte; as primeiras interrogações poéticas ao estatuto da artisticidade. Os limites entre a explicação poética e a estética da formatividade: a invenção artística e o horizonte inclusivo da interpretação; arte e experiência.

Unidade II: Experiência e Interpretação

a. A noção de experiência estética: a relação entre estética e comunicação, pelo viés da relação entre obra e recepção; o sentido originário da noção de experiência para a noção de experiência estética; os regimes estéticos da experiência de obras e textos (os possíveis limites entre a leitura e a fruição estéticas).
b. O que significa “ler” imagens: os saberes semiótico sobre a compreensão de representações visuais; os elementos de uma sintaxe visual e o problema da dupla articulação na semiologia estrutural; o problema do iconismo: da ontologia da representação visual à regência textual das imagens.
c. Estética e Pragmática: o problema da gramaticalidade da compreensão estética: a relação entre obra de arte e suas “estruturas de apelo”; o caráter cognitivo e social da compreensão estética; modos de ver: a questão da aspectualidade e sua regência comunicacional; interpretação, agência e performance.

Objetivos:

1. Tornar reconhecível, ao menos de modo introdutório, as grandes linhas nas quais se produz a discursividade sobre os aspectos estéticos constitutivos da experiência humana e cultural, a partir de um recurso às respectivas fontes literárias do assunto;
2. Extrair as consequências teóricas e analíticas desta discursividade para o campo das investigações sobre fenômenos e processos comunicacionais na contemporaneidade, a partir de um reconhecimento do atravessamento de questões de natureza estética em muitos dos textos sobre problemas de comunicação;
3. Estabelecer os critérios teóricos para uma análise das condições da produção, da recepção e da interpretação de produtos culturais da comunicação contemporânea, observada a relação entre sua eficácia simbólica e cultural, de um lado e os aspectos estruturais e pragmáticos de sua configuração plástica, de outro.

Procedimentos Didáticos:

As atividades do programa envolverão:

1. Aulas expositivas sobre o enfeixamento conceitual das tradições discursivas tratadas em cada tópico e unidade, tendo como guias principais seus respectivos textos (sejam estes ensaios isolados ou livros-texto);
2. Seminários sobre textos específicos da bibliografia complementar, a ser apresentados individualmente por cada aluno, a cada sessão semanal, numa dinâmica e atribuição de pontuação a serem ainda definidas;
3. Avaliação final, através de apresentação de um ensaio monográfico, versando sobre tema tratado pelo universo da bibliografia (ou por algum espectro dela), ao fim do semestre letivo, em data a ser definida oportunamente.

Bibliografia Básica:

Unidade I:

ABAGNANO, Nicola. “Estética”. In: Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou (s/d): pp. 348,355
ADORNO, Theodor W. “O Fetichismo na Música e a Regressão da Audição” (trad. João Luiz Baraúna). In: Textos de Theodor W. Adorno. São Paulo: Abril (1980): pp. 165,191;
BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”. In et al. Teoria da Cultura de Massa (Luiz Costa Lima, org.). Rio: Paz&Terra (1982): pp. 209,242;
CAUNE, Jean. “La dimension sensible de la communication ». In : Esthétique de la Communication. Paris : PUF (1997) : pp. 3, 10;
ECO, Umberto. “A estrutura do mal-gosto”. In: Apocalípticos e Integrados (trad.). São Paulo: Perspectiva ( ): pp.
GOMES, Wilson. "Estratégias de Produção de Encanto: o Alcance Contemporâneo da Poética de Aristóteles". In: Textos de Cultura e Comunicação. 35 (1996): pp. 99,124;
McLUHAN, Marshall. "O Cinema: o Mundo Real do Rolo". In: Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem (trad. Décio Pignatari). São Paulo: Cultrix (1979): pp. 319,333;
PAREYSON, Luigi. "O Processo Artístico". In: Problemas da Estética (trad. Maria Helena Nery Garcez). São Paulo: Martins Fontes (1997): pp. 181,200;
PARRET, Herman. “Comunicar por aisthésis”. In: A Estética da Comunicação (trad. Roberta Pires de Oliveira). Campinas: Unicamp (1997): pp. 183,204;
VALERY, Paul. “Primeira aula do curso de Poética”. In: Variedades (trad. Maíza Martins de Siqueira). São Paulo: Iluminuras (1999): pp. 179,192;
VALVERDE, Monclar. “A transformação mediática dos meios de significação”. In: Textos de Cultura e Comunicação. 28 (1992): pp. 45.57;
WOLLHEIM, Richard. "O que o artista faz”. In: A Pintura como Arte (trad. Vera Pereira). São Paulo: Cossac&Naify (2002): pp. 13,42.

Unidade II:

CAUNE, Jean. “L’Expérience Esthétique: un concept à construire » e « L’expérience Esthétique comme relation ». In : Esthétique de la Communication. Paris : PUF (1997) : pp. 11,37;
CAUNE, Jean. « Pour une esthétique pragmatique ». In : Esthétique de la Communication. Paris : PUF (1997) : pp. 93,104;
DEWEY, John. "Tendo uma experiência". In: Arte e Experiência (trad. Murilo Otávio Rodrigues Paes Leme). São Paulo: Abril (1985): pp. 89,105;
ECO, Umberto. "O Mito da Dupla Articulação". In: A Estrutura Ausente (trad. Pérola de Carvalho). São Paulo: Perspectiva (1976): pp. 122,126;
GIANOTTI, José Arthur. "A Nova Teoria da Representação". In et alii: Arte e Filosofia. Rio: Funarte (1983): pp. 59,88;
LOPES, Dominic. “Aspect recognition”. In: Understanding Pictures. Oxford: Clarendon Press (1996): pp. 111,196;
MORIZOT, Jacques. “Tentations et limitations de la Sémiologie ». In : Interfaces : texte et image – pour prendre du recul vis-à-vis de la Sémiotique. Rennes : Presses Universitaires de Rennes (2004) : pp. 49,62 ;
PAREYSON, Luigi. “Leitura da obra de arte”. In: Problemas da Estética (trad. Maria Helena Nery Garcez). São Paulo: Martins Fontes (1997): pp. 201,246;
PARRET, Herman. “A estetização da pragmática”. In: A Estética da Comunicação (trad. Roberta Pires de Oliveira). Campinas: Unicamp (1997): pp. 11,28;
PICADO, Benjamim. “Ícones, Instantaneidade, Interpretação: por uma pragmática da recepção pictórica na fotografia”. In: Galáxia. 9 (2005): http://www.pucsp.br/pos/cos/galaxia/num09/completo/n09cap05.pdf;
WOLLHEIM, Richard. “O que o espectador vê”. In: A Pintura como Arte (trad. Vera Pereira). São Paulo: Cossac&Naify (2002): pp. 43,100;
ZUMTHOR, Paul. Performance, Recepção, Leitura (trad. Jerusa Pires Ferreira e Suely Feneirich). São Paulo: Cossa&Naify (2007).